Nada é por acaso, e esse acaso pregou uma peça na vida do artista plástico Francisco Iran Dantas, natural de Currais Novos. Autodidata, fiel ao estilo figurativo, Iran Dantas expõe seus trabalhos em Natal desde a década de 1980 e só em novembro de 2009 ultrapassou a fronteira do Rio Grande do Norte com seus trabalhos. Sua arte ingênua, o quadro Naïf “Escola Estadual Djalma Maranhão”, foi escolhida pelo Senador Garibaldi Alves Filho para representar o Estado durante a quinta edição da expo “Artistas Brasileiros (Novos Talentos – Pinturas)”. Realizada anualmente em Brasília, pelo Programa Senado Cultural, a mostra reúne artistas novatos de todo o país, indicados por cada senador(a).
fotos: divulgaçãoCenários coloridos e extremamente povoados são características da arte naif de Iran
Tudo corria dentro dos conformes para Iran durante a vernissage no Salão Branco do Palácio do Congresso Nacional, até que a curadora brasileira Diva Pavesi, radicada a quase duas décadas na França, topou em seu caminho. “Ela ficou emocionada com minha pintura, e recebi o convite para expor em Paris”, comemora.A exposição coletiva “L’Univers Brésiliens 2011” acontece entre os dias 18 e 28 de maio, na Galeria Everarts, onde o potiguar – e outros 14 artistas brasileiros – receberão comenda oferecida pela Sociedade Acadêmica de Artes, Ciências e Letras e pelo Divine Institut des Arts et Cultura, ong presidida por Diva.
A curadora paulista promove artistas visuais brasileiros na Europa há cerca de 15 anos, e a partir do contato com Francisco Iran, Diva Pavesi já esteve reunida com outros artistas potiguares para articular novas exposições em solo francês.
Pendência
Desde que recebeu o convite, Iran vem preparando sua travessia atlântica em direção a Cidade Luz: “Consegui apoio da Prefeitura de Currais Novos, que custeou minha inscrição na mostra (1,5 mil Euros), e da Fundação José Augusto, que bancou as passagens aéreas”, contabiliza, “agora estou em busca de recursos para assegurar minha estadia por lá”, informa Dantas, que estará levando três obras inéditas na bagagem, todas produzidas especialmente para o evento. Ele ainda precisa garantir hospedagem e alimentação, além de comprovar ‘um capital de giro’ para não ser barrado no aeroporto pela polícia de imigração.
“Estou com passaporte e todos os documentos sobre minha participação na exposição, mas não sabia direito sobre essas coisas de imigração”, disse. Iran tem que embarcar no dia 15 de maio, e até lá ele espera conseguir resolver essa pendência. É nessas horas que percebemos como anda frágil a tal cadeia produtiva da cultura na esquina do continente, onde há uma necessidade urgente de se criar mecanismos para promover a circulação da cultura potiguar pelo resto do Brasil e do mundo.
Arte institiva
A principal característica da arte Naïf é a espontaneidade. Também conhecida como arte ingênua ou primitiva, artistas naïfs produzem suas obras sem orientação acadêmica ou influências de outros estilos, como o modernismo e arte popular. Esse isolamento situa o Naïf numa faixa próxima à da arte infantil, sem que, no entanto, se confunda com ela.
Assim, o artista naïf é marcadamente individualista em suas manifestações mais puras, onde, notadamente, sua principal fonte de inspiração é a iconografia popular entre outras referências culturais. O estilo não se preocupa em preservar as proporções naturais nem os dados anatômicos corretos das figuras que representa. Bidimensional e sem perspectiva geométrica linear, as obras tendem à linha figurativa e composições de pinceladas coloridas.
Fonte: TN
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