quinta-feira, 24 de março de 2011

"Palestrante" Vicente Lenílson passa o bastão para os mais jovens!!!




Atletismo!!

Os olhos dos 19 atletas, que caíram da cama às 9h de um domingo, brilharam ao ver Vicente Lenílson, medalhista de prata no revezamento 4x100 m em Sydney 2000. A admiração deles, contudo, não foi por vê-lo em ação, mas por conhecerem a história de vida do "pequeno gigante".
Há aproximadamente dois anos, o velocista ataca de palestrante pelo interior do Estado de São Paulo, em parceria com o Sesc-SP (Serviço Social do Comércio). No último fim de semana, foi a vez de Catanduva, localizada no noroeste paulista, receber o atleta de 33 anos. Apesar de ser aberto ao público, o evento recruta, em sua maioria, aspirantes do atletismo.
"Já estou há quase dois anos dando palestras e já passei por várias cidades do Estado, levando minha história de vida. Neste tempo, eu percebi que as pessoas pensam que ser campeão é coisa de rico, mas não é. Quando eu falo para as pessoas minha carreira, eu percebo que elas passam a acreditar mais no esporte, acabam se dedicando mais e tentam dar o máximo possível. Isso é muito gratificante a mim", explica Vicente, com um ar "professoral".
Além de, com o auxílio de slides, relatar suas provas de superação, o ex-mecânico de motos da cidade potiguar de Currais Novos faz questão de ministrar uma atividade prática com os espectadores, aconselhando-os sobre "saída de bloco" e "passagem de bastão".
Perto de pendurar as sapatilhas ("Depois de Londres 2012, chega de Lenílson, né?"), o atleta, que, atualmente, treina no clube carioca Instituto Lançar-se para o Futuro, se entusiasma ao prever as conquistas de seu mais novo pupilo: Jefférson Liberato, campeão nos 100m e 200m do Troféu Brasil 2010.
"Quando eu conheci o Jefférson, vi que era muito dedicado e esforçado, mas tinha medo de competir. Eu cheguei nele e disse que ele tinha a raia na frente e ele era o principal adversário dele. Eu meio que coloquei uma tala nele. Daí, o resultado pôde ser visto no Troféu Brasil. É um jovem que pode ter uma carreira tão brilhante quanto a minha ou, provavelmente, até melhor", analisa acerca da promessa de 19 anos, que também faz parte do estafe do Instituto Lançar-se para o Futuro.
Mas não são apenas dos casos de sucesso profissional que Lenílson se vangloria. "Tem dois atletas de São Paulo que estavam indo para o caminho das drogas e, graças a Deus, eu e o Claudinei conseguimos trazê-los para o atletismo. Hoje, eles não são diferenciados, mas estão estudando, ganham o dinheiro deles...", relembra.
Perguntado sobre os horizontes da modalidade no país, Vicente Lenílson, que afirmou manter contado intenso com os companheiros de prata Claudinei Quirino, Edson Luciano e André Domingues, é otimista, sobretudo para os Jogos de 2016 no Rio de Janeiro.
"Temos a Barbara Leôncio, Fabiano Murer, Keyla Costa, Jadel, enfim, muitas esperanças de medalha. Acredito que, em Londres 2012, o Brasil possa ter uma campanha muito boa. Mas a melhor, sem dúvidas, será em 2016. O COB (Comitê Olímpico Brasileiro) e a CBat (Confederação Brasileira de Atletismo) estão trabalhando muito para isto", vislumbra.
Após "correr só" e "atravessar desertos" (trechos adaptados da música "Catedral", da qual Vicente encerrou seu emocionante monólogo), o bicampeão pan-americano ainda precisa, para se aposentar por cima, de índices para disputar o Pan de Guadalajara 2011 e as Olimpíadas de Londres 2012. No entanto, mesmo sem o pique de outrora, o velocista vai perpetuando seu legado na mente dos jovens paulistas como um exemplo de motivação e perseverança
Gazeta Esportiva

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