Atletismo!!
Os olhos dos 19 atletas, que caíram da cama às 9h de um domingo, brilharam ao ver Vicente Lenílson, medalhista de prata no revezamento 4x100 m em Sydney 2000. A admiração deles, contudo, não foi por vê-lo em ação, mas por conhecerem a história de vida do "pequeno gigante".
Há aproximadamente dois anos, o velocista ataca de palestrante pelo interior do Estado de São Paulo, em parceria com o Sesc-SP (Serviço Social do Comércio). No último fim de semana, foi a vez de Catanduva, localizada no noroeste paulista, receber o atleta de 33 anos. Apesar de ser aberto ao público, o evento recruta, em sua maioria, aspirantes do atletismo.
"Já estou há quase dois anos dando palestras e já passei por várias cidades do Estado, levando minha história de vida. Neste tempo, eu percebi que as pessoas pensam que ser campeão é coisa de rico, mas não é. Quando eu falo para as pessoas minha carreira, eu percebo que elas passam a acreditar mais no esporte, acabam se dedicando mais e tentam dar o máximo possível. Isso é muito gratificante a mim", explica Vicente, com um ar "professoral".
Além de, com o auxílio de slides, relatar suas provas de superação, o ex-mecânico de motos da cidade potiguar de Currais Novos faz questão de ministrar uma atividade prática com os espectadores, aconselhando-os sobre "saída de bloco" e "passagem de bastão".
Perto de pendurar as sapatilhas ("Depois de Londres 2012, chega de Lenílson, né?"), o atleta, que, atualmente, treina no clube carioca Instituto Lançar-se para o Futuro, se entusiasma ao prever as conquistas de seu mais novo pupilo: Jefférson Liberato, campeão nos 100m e 200m do Troféu Brasil 2010.
"Quando eu conheci o Jefférson, vi que era muito dedicado e esforçado, mas tinha medo de competir. Eu cheguei nele e disse que ele tinha a raia na frente e ele era o principal adversário dele. Eu meio que coloquei uma tala nele. Daí, o resultado pôde ser visto no Troféu Brasil. É um jovem que pode ter uma carreira tão brilhante quanto a minha ou, provavelmente, até melhor", analisa acerca da promessa de 19 anos, que também faz parte do estafe do Instituto Lançar-se para o Futuro.
Mas não são apenas dos casos de sucesso profissional que Lenílson se vangloria. "Tem dois atletas de São Paulo que estavam indo para o caminho das drogas e, graças a Deus, eu e o Claudinei conseguimos trazê-los para o atletismo. Hoje, eles não são diferenciados, mas estão estudando, ganham o dinheiro deles...", relembra.
Perguntado sobre os horizontes da modalidade no país, Vicente Lenílson, que afirmou manter contado intenso com os companheiros de prata Claudinei Quirino, Edson Luciano e André Domingues, é otimista, sobretudo para os Jogos de 2016 no Rio de Janeiro.
"Temos a Barbara Leôncio, Fabiano Murer, Keyla Costa, Jadel, enfim, muitas esperanças de medalha. Acredito que, em Londres 2012, o Brasil possa ter uma campanha muito boa. Mas a melhor, sem dúvidas, será em 2016. O COB (Comitê Olímpico Brasileiro) e a CBat (Confederação Brasileira de Atletismo) estão trabalhando muito para isto", vislumbra.
Após "correr só" e "atravessar desertos" (trechos adaptados da música "Catedral", da qual Vicente encerrou seu emocionante monólogo), o bicampeão pan-americano ainda precisa, para se aposentar por cima, de índices para disputar o Pan de Guadalajara 2011 e as Olimpíadas de Londres 2012. No entanto, mesmo sem o pique de outrora, o velocista vai perpetuando seu legado na mente dos jovens paulistas como um exemplo de motivação e perseverança
- Gazeta Esportiva
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