segunda-feira, 16 de junho de 2025

VOLTANDO  NO TEMPO - Três torcedores simbolizam o amor ao futebol em Currais Novos-RN



Com este título, o jornal POTI, na edição de 11 de janeiro de 1976, destacou uma matéria especial sobre a paixão do povo de Currais Novos pelo futebol, especialmente naquele ano em que o Potyguar participou pela primeira vez do Campeonato Estadual de Futebol Profissional do Rio Grande do Norte.

A reportagem resgata memórias dos anos 60, ainda na era do futebol amador na cidade, quando a notícia da possível visita do ABC para um amistoso contra o Potyguar — já com "Y", como se firmaria mais tarde — movimentava a cidade. O clube conquistava na época o tetracampeonato currais-novense (1964 a 1967) e se preparava para amistosos contra grandes adversários, como o Alecrim, vice-campeão estadual.

Esse período marcou o início de uma nova era para o futebol local, culminando na estreia profissional do clube em 1976, após convite da Federação Norte-Rio-Grandense de Futebol (FNF).

A estreia histórica no futebol profissional

 

                                                                Potyguar 1976

 

 

No dia 7 de março de 1976, o Potyguar debutou no Campeonato Potiguar da 1ª Divisão. Diante de sua torcida, no Estádio Coronel José Bezerra, venceu o Baraúnas por 2 a 1. Os gols foram marcados por Pedrinho Cangula, aos 5 e aos 36 minutos do primeiro tempo. Robson descontou para o adversário aos 38 da segunda etapa.

O Potyguar formou com:
Inácio; Gilvan, Ivo, Luisão e Carlos; Carlinhos, Chiquinho e Imagem; Carlinhos II, Pedrinho e Dinha. Técnico: Manuel Veiga.

O clube havia sido fundado em 15 de janeiro de 1960 como Potiguar Futebol Clube. A troca da letra “i” por “y” em 1976 visava diferenciá-lo do Potiguar de Mossoró, já integrante da elite estadual desde 1974.

Três personagens, três paixões: o futebol vivido nas arquibancadas e nas ruas

A matéria também destacou três torcedores símbolo da época, cuja paixão transcendeu os gramados:

Chico Flor – "Uma vez Flamengo, sempre Flamengo"

Francisco Florêncio de Medeiros, o Chico Flor, era dono de uma mercearia onde se vendia de tudo. Era o ponto de encontro dos apaixonados por futebol — especialmente do Flamengo, seu time de coração. Durante anos, acompanhou com fervor cada partida, no rádio ou, quando possível, pela TV.

Em 1976, integrou o Conselho Deliberativo do Potyguar, mas, tempos depois, abandonou o futebol após uma desilusão que até hoje o afastou das emoções do esporte.

Chico de Berto – O som da alegria com o trombone

Funcionário da loja A Sertaneja, Chico de Berto animava os jogos com seu inseparável trombone. Sentado em uma pedra ao lado do campo, era o som e a alma das arquibancadas. Em 1975, durante a Festa de Sant’Ana, amassaram  seu instrumento após um tumulto, fato que marcou profundamente sua ligação com o futebol local, porém mesmo assim, estava sempre lá na torcida animando os jogadores em campo e a torcida presente.

Raimundo Cruz – O “Bolo” dos Correios e dos Carnavais

Conhecido como “mais conhecido como Bolo”, Raimundo Cruz era funcionário dos Correios e famoso por circular com sua moto pelas ruas de Currais Novos, entregando cartas e anunciando os dias de jogo e sempre levava sua famosa moto ao campo de jogo passando na frente da torcida local, fazendo a festa. Nos carnavais, desfilava com sua emblemática cobra de  enrolada ao corpo — tradição mantida até hoje por filhos e netos, na última noite de folia da cidade de forma lúdica.

Legado e memória: o futebol como identidade

Hoje, o Potyguar Seridoense encontra-se fora da Primeira Divisão, mas mantém viva sua chama nas categorias de base e planeja o retorno à Segunda Divisão do RN ainda este ano, em setembro.

A torcida sonha com novos capítulos e com o surgimento de novos apaixonados, como os memoráveis:
Oscar Flamengo (o mais torcedor de todos), Humberto Gama, Benedito Targino, Siderley Menezes, Zé Alves, Dota, Rubenito,  Geraldo Francisco (Geraldinho), entre outros.

 


  "Nunca é tarde para voltarmos no tempo" — e reviver as histórias que fazem do futebol muito mais do que um jogo: uma paixão que atravessa gerações.

Por: Terradaxelita
Fontes: Jornal O Poty / DN e relatos de jogadores e torcedores da época.


 


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