Terra da Xelita

 

Oscar “Flamengo”: Um Ícone da Alegria, da Cultura e do Esporte em Currais Novos

 

 

Oscar de Lima Pinheiro nasceu em 30 de outubro de 1918, em Barcelos, no estado do Amazonas. Chegou a Currais Novos aos 20 anos para trabalhar na Mesa de Rendas, atual Coletoria Estadual. Apaixonado pelo Clube de Regatas do Flamengo, ganhou dos amigos o apelido que o acompanharia por toda a vida: Oscar Flamengo.

Com espírito inquieto e criativo, foi um dos principais desportistas da cidade. Dirigiu times como o Currais Novos Esporte Clube e o Brejuí Esporte Clube, além de contribuir significativamente para o desenvolvimento do esporte local. Foi também um dos grandes responsáveis pela criação do Estádio Cel. José Bezerra, cuja construção teve início graças à sua iniciativa e esforço.

Oscar desempenhou diversos papéis relevantes na sociedade currais-novense. Atuou como administrador do Royal Cinema, implantou o primeiro sistema de autofalantes da cidade e fundou o jornal “A Voz do Seridó”, colaborando para a informação e o entretenimento da população. Fundou o Centro Esportivo Curraisnovense, instituição que deu origem ao Aero Clube de Currais Novos, em 1941 — entidade responsável por promover grandes festas, com destaque especial para o carnaval.

Apaixonado pelas artes, Oscar valorizava a cor, a música, a dança e o movimento. Foi um dos principais foliões da cidade, patrocinando orquestras, fantasias, promovendo concursos e distribuindo troféus. Participava ativamente dos blocos carnavalescos ao lado de figuras tradicionais como Seu Oto Soares, João Batista, Miguel dos Santos, entre outros.

Um dos episódios mais marcantes de sua trajetória carnavalesca ocorreu em 1953, quando criou o irreverente “Bloco das Normalistas”, em homenagem à recém-inaugurada Escola Normal. O grupo de senhores fantasiados de azul e branco, conduzindo material escolar sob um estandarte com a imagem de Nelson Gonçalves, foi a sensação daquele carnaval. A diretora da escola, Dona Éster Galvão, reconheceu a criatividade da sátira e premiou o bloco com um troféu.

Oscar também teve participação na política local, sendo vereador e secretário municipal durante a gestão de Mariano Guimarães. Como comerciante, foi proprietário de bar, confeitaria, bazar de variedades e ainda dirigiu o tradicional Tungstênio Hotel.

No campo esportivo, sua atuação foi determinante para a valorização do futebol amador. Desde os primeiros estímulos do Monsenhor Paulo Herôncio, em 1937, até a inauguração do estádio municipal em 1957 — passando pelas reformas de 1973 no governo Cortez Pereira — Oscar esteve envolvido em ações que consolidaram a paixão da cidade pelo esporte. Promoveu partidas memoráveis, trazendo equipes de cidades como Natal e Campina Grande, enfrentando times locais como o Potiguar e a Seleção de Currais Novos.

Oscar soube viver. Viveu com alegria, leveza e humor, rindo das adversidades da vida e espalhando entusiasmo por onde passava. Faleceu em 29 de março de 1971, sendo o primeiro sepultado no Cemitério Público Nossa Senhora de Fátima, recém-construído à época.

Oscar “Flamengo” é, sem dúvida, um dos personagens mais marcantes da história de Currais Novos — um verdadeiro símbolo da alegria, da cultura e do esporte, cuja memória continua viva no coração da cidade.

Fonte de Pesquisa: Arquivo Público Municipal; Totoró, berço de Currais Novos (Joabel R.); Blog DocumentaCN e  João Bezerra Júnior.