Manipulação: MP-GO faz nova denúncia após descobrir valores; veja jogadores investigados
Foto: Reprodução / ge |
O
Ministério Público de Goiás fez uma nova denúncia sobre manipulação de
jogos no futebol brasileiro. Estão sob investigação partidas das Séries A
e B do Campeonato Brasileiro de 2022, além de confrontos dos estaduais
que aconteceram neste ano.
As
informações foram publicadas pela Veja. São pelo menos 20 partidas
sendo analisadas pelo MP. A nova denúncia ainda não teve resposta da
Justiça, mas foi feita a partir da busca e apreensão de equipamentos em
fases anteriores da Operação Penalidade Máxima.
Os clubes e casas de apostas são tratados como vítimas.
Os
casos investigados envolvem apostas para lances como punições com
cartões amarelo ou vermelho e cometer pênaltis. Bruno Lopes de Moura,
apostador que havia sido detido na primeira fase da operação, é visto
pelo MP como líder da quadrilha no esquema de manipulação de resultados.
Outras 16 pessoas podem virar réus no caso.
Na
fase anterior da operação, alguns jogadores foram alvos de uma operação
de busca e apreensão: os zagueiros Victor Ramos, da Chapecoense, Kevin
Lomónaco, do Bragantino, Paulo Miranda, ex-Juventude, e Eduardo
Bauermann, do Santos, os laterais-esquerdos Igor Cariús, do Sport, e
Moraes, ex-Juventude e hoje no Atlético-GO, e o meia Gabriel Tota,
ex-Juventude e atualmente no Ypiranga-RS.
Na
fase atual, foram adicionados os nomes dos volantes Fernando Neto,
ex-Operário-PR e hoje no São Bernardo, e Nikolas, do Novo Hamburgo-RS, e
do atacante Jarro Pedroso, do Inter-SM.
O
Santos afirmou que não vai se pronunciar sobre o caso de Eduardo
Bauermann até conversar com o jogador, o que está previsto para ocorrer
nesta terça-feira.
O
MP-GO pede a condenação do grupo envolvido na manipulação, além do
ressarcimento de R$ 2 milhões aos cofres públicos por danos morais
coletivos, ainda segundo a Veja.
Entre
os detalhes obtidos nesta investigação do MP-GO estão os valores
oferecidos para que os jogadores fizessem os atos previstos nas apostas.
Veja abaixo quais são:
Palmeiras 2 x 1 Juventude
Foram
oferecidos R$ 30 mil para que Moraes, lateral-esquerdo do Juventude,
recebesse cartão amarelo. R$ 5 mil foram pagos antes do jogo. O atleta
terminou de fato advertido.
Juventude 1 x 1 Fortaleza
Promessa
de pagamento de R$ 60 mil, com R$ 5 mil depositados antes do jogo para
que Gabriel Tota, atleta do Juventude, fizesse a transferência ao
zagueiro Paulo Miranda, a fim de que ele fosse punido com amarelo, como
ocorreu no jogo.
Os gols de Juventude 1 x 1 Fortaleza, pela 27ª rodada do Brasileirão 2022
Goiás 1 x 0 Juventude
Promessa de pagamento de R$ 50 mil, sendo R$ 20 mil antes do jogo, para que o lateral-esquerdo Moraes levasse amarelo.
No
mesmo jogo, também havia o combinado de se pagar R$ 50 mil, sendo R$ 10
mil antes do jogo, para que Paulo Miranda levasse amarelo. Romário Hugo
dos Santos fez este pagamento à conta de Gabriel Tota, responsável pelo
repasse ao zagueiro.
Ceará 1 x 1 Cuiabá
Promessa
de pagamento de valor total incerto, mas R$ 5 mil foram entregues a
Igor Cariús, do Cuiabá, antes do jogo, para que ele levasse o cartão
amarelo. Ele levou a advertência e ainda teve um segundo cartão, que
ocasionou sua expulsão.
Red Bull Bragantino 1 x 4 América - MG
Pagamento
de R$ 70 mil, sendo R$ 30 mil antes do jogo para que o zagueiro do
Bragantino Lomónaco levasse o cartão amarelo, como de fato aconteceu.
Melhores momentos: Bragantino 1 x 4 América-MG pela 36ª rodada do Brasileirão 2022
Santos 1 x 1 Avaí
Pagamento
de pelo menos R$ 50 mil antes do jogo para que Eduardo Bauermann fosse
punido com o cartão amarelo. Isto não aconteceu.
Botafogo 3 x 0 Santos
Como
Bauermann já tinha recebido os R$ 50 mil na rodada anterior e não levou
o cartão amarelo, aceitou a proposta para ser expulso na rodada
seguinte. Ele recebeu o cartão vermelho depois da partida, por
reclamação.
Cuiabá 1 x 1 Palmeiras
Pagamento de R$ 60 mil para que Igor Cariús levasse o cartão amarelo.
Melhores momentos: Cuiabá 1 x 1 Palmeiras pela 36ª rodada do Brasileirão 2022
Sport 5 x 1 Operário
No
jogo da Série B do Brasileirão passado, a promessa era de pagamento de
R$ 500 mil, sendo R$ 40 mil pagos antes da partida para Fernando Neto,
jogador do Operário, levar o cartão vermelho. Ele não foi expulso do
jogo.
Guarani 2 x 1 Portuguesa
Promessa
de pagamento de R$ 100 mil, para que Victor Ramos, da Portuguesa,
cometesse um pênalti. Como Bruno, Ícaro e Zildo, três dos denunciados
pelo MP, aparentemente não encontraram jogadores para manipular
resultados na mesma rodada do Paulistão deste ano, não houve depósito
antecipado, nem aposta no jogo.
Portuguesa 3 x 0 Bragantino
Promessa
de pagamento de R$ 200 mil para que Lomónaco, zagueiro do Bragantino,
cometesse um pênalti no primeiro tempo. Ele não aceitou.
Esportivo 0 x 0 Novo Hamburgo
Promessa
de pagamento de R$ 80 mil, sendo R$ 5 mil depositados antes do jogo
para que Nikolas, do Novo Hamburgo, fizesse um pênalti no jogo do
Campeonato Gaúcho deste ano. Ele cometeu a penalidade.
Caxias 3 x 1 São Luiz
Pagamento
de R$ 70 mil, sendo R$ 30 mil depositados antes da partida para que
Jarro, do São Luiz, cometesse um pênalti no primeiro tempo do jogo do
Campeonato Gaúcho de 2023. Ele fez a falta aos 15 minutos de jogo e
pediu para ser substituído aos 28.
R$ 100 mil para corromper atletas
Segundo
o MP, o grupo criminoso cooptava jogadores com ofertas que variavam
entre R$ 50 mil e R$ 100 mil para que cometessem lances específicos nos
jogos, como um número determinado de faltas, levar cartão amarelo,
garantir um número específico de escanteios para um dos lados e até
atuar para a derrota do próprio time.
Diante
dos resultados previamente combinados, os apostadores obtinham lucros
altos em diversos sites de apostas – ou diretamente, ou por meio de
laranjas.
O que é a operação Penalidade Máxima?
As
investigações começaram no final do ano passado, depois que o volante
Romário, do Vila Nova-GO, aceitou uma oferta de R$ 150 mil para cometer
um pênalti no jogo contra o Sport pelo Campeonato Brasileiro da Série B.
Ele recebeu um sinal de R$ 10 mil, e só teria os demais R$ 140 mil após
a partida. Como não foi relacionado, tentou cooptar colegas de time –
sem sucesso.
A
história então vazou e o presidente do Vila Nova, Hugo Jorge Bravo, ele
próprio um policial militar, investigou o caso e entregou as provas
para o Ministério Público de Goiás. A primeira denúncia, feita há dois
meses, indicava que havia três jogos suspeitos na Série B do ano
passado. Mas, como o ge publicou, havia a suspeita de muito mais jogos,
em várias competições, o que faria a operação se tornar nacional. Foi o
que aconteceu. As suspeitas agora chegaram à Série A.
Oito
jogadores de diferentes clubes foram denunciados pelo Ministério
Público e viraram réus por participarem do suposto esquema.
São
eles: Romário (ex-Vila Nova), Joseph (Tombense), Mateusinho (ex-Sampaio
Corrêa, hoje no Cuiabá), Gabriel Domingos (Vila Nova), Allan Godói
(Sampaio Corrêa), André Queixo (ex-Sampaio Corrêa, hoje no Ituano), Ygor
Catatau (ex-Sampaio Corrêa, hoje no Sepahan, do Irã) e Paulo Sérgio
(ex-Sampaio Corrêa, hoje no Operário-PR).
Eles
estariam envolvidos no esquema de cometer pênaltis no primeiro tempo
dos jogos Vila Nova x Sport, Criciúma x Tombense e Sampaio Corrêa x
Londrina. Isso só não aconteceu na partida entre goianos e
pernambucanos, já que Romário e Gabriel Domingos não jogaram.
Joseph
cometeu o pênalti em Criciúma x Tombense, e Mateusinho o fez em Sampaio
Corrêa x Londrina. Os demais atletas do Sampaio citados, segundo o
MP-GO, estavam cientes e participaram de alguma forma.
Por Redação do ge
Goiânia
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